Nuances De Ser Brasileiro #1 Literatura
- Bruno Roque
- 9 de jun. de 2021
- 2 min de leitura
A novidade da vez aqui no Alteridade Relativa é a coluna Nuances De Ser Brasileiro, que vai aparecer por aqui de vez em quando. Sempre abordando, em um tom opinativo, os vários elementos da nossa cultura, cada pedacinho daquilo que nos caracteriza. Não que vá ser uma aula, mas sim uma reflexão descontraída daquilo que, de cara, nos faz lembrar da nossa identidade. Não só a cultura, mas também a forma que a formação da nossa sociedade se deu é essencial para nos ajudar a reedificar nosso orgulho.

Quando pensamos em literatura brasileira somos transportados, na mesma hora, pro ensino médio. Pelo menos, para mim, é o momento que vem à cabeça. As aulas de língua portuguesa que exigiam a cada trimestre a leitura de um clássico do passado, principalmente aqueles que iriam cair nos vestibulares. Foi nesse período que a gente passou a amar ou detestar algum livro. Eu mesmo peguei ranço do Almeida Garrett por Viagens na Minha Terra, (mesmo que seja da literatura portuguesa é estudado por sua influência na brasileira) não tirando a importância da obra, é claro, mas porque achei bem chata mesmo. Mas, os livros que são um xodó para mim, como O Cortiço de Aluísio Azevedo e Capitães da Areia de Jorge Amado, também vêm dessa experiência colegial.
Considero justamente essa liberdade de gostos um ponto central da literatura. Poder gostar do estilo de determinada época ou autor, preferir um gênero ou se identificar com uma temática, são o que, para mim, tornam a literatura, acima de tudo, uma tradução da necessidade do ser humano de ter entretenimento. Claro que o cerne da maioria dos movimentos literários é gerado com base na análise crítica do momento social do país, principalmente no Brasil que tem uma trajetória árdua.

A capacidade da literatura traduzir a realidade de uma época é o que a torna mais preciosa. É incrível como podemos conhecer, ou melhor, ser transportados para uma realidade e literalmente entender comportamentos, relações, dores, prazeres, ou qualquer minúcia do que é viver. Para mim, a literatura é o mais completo documento histórico. Tem poder, mesmo por meio da ficção, de traduzir detalhadamente a realidade, e mais, aproveita sua liberdade de criar narrativas para intensificar o modo de compreender o mundo.
Essa nuance exterioriza, registra e condensa perfeitamente o que é ser brasileiro.
Comments