Nuances De Ser Brasileiro #3 Música
- Bruno Roque
- 17 de nov. de 2021
- 2 min de leitura
De nossas nuances com certeza a música é a que mais expressa a pluralidade que é ser brasileiro. Se eu te perguntar agora: “Qual é a música brasileira?”, eu duvido que você tenha uma resposta pronta. Pode até me dizer samba; Ou forró; MPB talvez; Quem sabe carimbó?; Funk Carioca é uma opção; Tem o sertanejo também; É isso! Não existe uma música brasileira.
Essa dificuldade de definir o ritmo que descreve o país é o reflexo mais nítido da construção de nossa cultura. Essa colcha de retalhos de várias origens, com um pouco de África, Europa, Oriente e muita latinidade.

É nessa parte da cultura brasileira que cada um desses povos expressou sua essência. Impossível não sentir a conexão com a ancestralidade indigena evocada pelo carimbó, ou remeter aos rituais de origem africana ao participar de uma roda de samba. Parece que está no nosso sangue essa ““tolerância”” com a pluralidade ao se entregar à música. Calma!! Não acho que o brasileiro seja tolerante, longe disso. Mas como já dizia DJ Marlboro: “É som de preto, de favelado. Mas quando toca ninguém fica parado”. Nós não gostamos de todos os nossos ritmos, mas com certeza somos contagiados.
A gente pode se recusar a consumir determinado gênero. Inclusive, precisamos fazer isso, não dá para gostar de tudo, né? Mas, não podemos negar que nossos ritmos contagiam.
Por que estou defendendo tanto que a gente assuma isso?
O tema dessa semana nem era música, eu ia falar do teatro brasileiro. Porém no último dia 5 (novembro) perdemos a cantora e compositora Marília Mendonça. Nunca fui grande fã de sertanejo, curtia uma canção ou outra, mas havia algo no que ela cantava que me atraia bastante, era divertido mesmo sendo sofrido, sabe? Por isso, fiquei bastante chateado com sua partida.

Lembro quando assisti o especial Todos os Cantos, gravado em 2019, e fiquei totalmente encantado com a ideia de viajar pelo país, realizando shows surpresas e totalmente gratuitos em capitais. Uma cantora com projeção nacional, que fatura milhões e decide não cobrar ingressos, justamente para se aproximar de seus fãs, principalmente aqueles que de fato não teriam dinheiro para assisti-la. Existe algo mais democrático do que a música? Marília Mendonça espalhou diversão, sofrência e amor de graça nos quatro cantos do país. Um país ironicamente prestes a ter que se privar de alegrias, totalmente despreparado para viver uma crise que cada vez mais aumentaria nosso sofrimento.
Infelizmente perdemos um expoente da música, da alegria (sofrência rsrs), mas como coloquei no início do texto o Brasil está muito bem servido dessa nuance. E tem pro gosto de qualquer freguês! Eu mesmo tenho uma playlist chamada Bagunça.BR, lá tem Chico Buarque, Cazuza, Caetano, Marília Mendonça, Rouge, Legião Urbana, Anitta, Liniker, Linn da Quebrada, Rita Lee, Ivete Sangalo, Titãs … É… fica difícil escolher no meio de tanta opção.
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