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A Espera de um Milagre durante as etapas da minha vida

  • Caroline Silva
  • 19 de mai. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 15 de jun. de 2021



Sabe aquele filme que você assistiu quando era uma criança e tem a vaga lembrança que o filme é bom e que todos os adultos ao seu redor se emocionaram com ele? Aquele filme que você sabe que passa uma mensagem, mas como era muito novo não entendeu, ou entendeu apenas aquilo que estava dentro da sua realidade?


Claro que conseguimos lembrar de vários filmes assim, até animações infantis ganham um outro significado quando assistidas com olhos de adulto, afinal como iríamos compreender a piada ou o dilema moral apresentado?


Assim, no texto de hoje irei escrever sobre A Espera de um Milagre e como foi bom ter me dado a oportunidade de assistir este filme novamente na fase adulta da minha vida.



No filme acompanhamos Paul Edgecomb, chefe da guarda e agente penitenciário do corredor da morte, sua rotina e a de seus companheiros de trabalho. Tudo segue no mesmo ritmo até que é levado a eles o prisioneiro John Coffey (se fala com Coffe, mas escreve diferente), um homem negro e grande, que foi acusado da morte de duas crianças.


Contudo, ao decorrer do filme, John realiza atos milagrosos e demonstra uma bondade extrema. Então fica o questionamento, como pode um homem mau e assassino ter tamanhos dons e tanta empatia?


*Alerta de Spoiler*


No filme descobrimos que John é inocente, que foi encontrado com as duas crianças mortas, mas apenas estava desconsolado pelo crime praticado contra elas. Mesmo assim, foi julgado e condenado ao corredor da morte.


Quando eu era criança a única coisa que eu enxergava no filme era: um homem bom e com dons milagrosos que foi julgado de forma injusta e levado à morte. Mas, tudo deu certo porque quem era ruim de verdade recebeu um final merecido e o restante das pessoas boas tiveram a chance ver milagres e receberem um presente do John, porque chorar quando tudo seguiu pela dicotomia de bem e mal e seus respectivos fins adequados?


Por que assistir de novo? Afinal se eu assistir com meus 20 e poucos anos eu irei mudar o final dado ao John? Vou entender outra coisa além de que um homem bom morreu pelas mazelas injustas da vida?



Infelizmente não posso mudar o final. John Coffey continua a morrer injustamente. Mas como a morte tem outro peso quando entendemos um pouco mais da vida.


Primeiramente, notamos que a maioria dos presos fazem parte de minorias: um índio, um imigrante e um negro. Notamos também que não é dada uma chance de Coffey ser verdadeiramente julgado , simplesmente o encontraram chorando e segurando duas menininhas mortas e ele já é colocado no corredor da morte.


Sob as ordens de Paul temos um policial malicioso e cruel que persegue e maltrata os presos, sempre escapando porque vem de família rica.


E o que mais me doeu ao reassistir, Coffey é inocente, é um personagem que enxerga o mundo com bondade e pureza, que após realizar diversos milagres, seus últimos pedidos é uma boa refeição e assistir a um filme.


Vemos o desenvolver da amizade de John com os guardas (tirando o babaca, filhinho de papai), mas principalmente com Paul. E ao provar que é inocente ao chefe da guarda e ter tido a oferta de ter a possibilidade de fugir, rejeita, porque está cansado do mundo. Coffey sente o que o mundo tem a oferecer. Ele sente a alegria, mas também o sofrimento das pessoas. O dom que tem não é maravilhoso de ser vivido.


John rejeita continuar a viver no mundo por causa do sofrimento, da crueldade e também porque as pessoas usam o amor para fazer o mal. Porque o verdadeiro assassino das crianças usa o amor de uma pela outra para matá-las. Porque muitas pessoas são mortas por amor.


E no final, ao ser levado a cadeira elétrica, com todos os guardas sofrendo por estarem matando um inocente, com Paul comandando todo o ato e com a comunidade e os pais das crianças maldizendo de demônio um homem que pratica milagres, John é executado. Morto pelas ordens de Paul, que seguindo o desejo de Coffey, o mata pelo amor.



O filme é cheio de significados, cheio de mensagens que uma criança não entenderia, porque, como entender a crueldade do mundo? Mas entender o filme também me traz melancolia, pois com o passar dos anos é cada vez mais triste ver esta crueldade, o sofrimento e as mortes.


Quantas mortes estamos presenciando neste momento turbulento da história, quanto amor não ouvimos e vemos partindo dos entes das pessoas que se foram, quanto amor alguns profissionais estão dedicando aos outros. Como cansa ver os mortos e como dói imaginar que cada um deles é mais um John Coffey que está sendo retirado de forma injusta deste mundo.





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