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Glauber Rocha - O gênio do cinema brasileiro

  • Foto do escritor: Bruno Roque
    Bruno Roque
  • 19 de ago. de 2021
  • 3 min de leitura

“A História é feita pelo povo e escrita pelo poder” Glauber Rocha

Daqui a poucos dias a morte de Glauber Rocha, para muitos o maior e mais genial cineasta brasileiro, completa 40 anos. Sua estética inconfundível, inovadora, leal e incisiva o coloca no rol dos grandes clássicos estruturantes da nossa cultura. Uma obra complexa e que exige um espectador ativo e pensante, mas imprescindível.


Glauber participa da fundação do Cinema Novo, preza por uma estética disruptiva, foge dos padrões hollywoodianos que pregavam em seu tempo uma ideia de sinônimo de qualidade. Critica sem rodeios e busca autonomia, a qualidade do cinema brasileiro está no fato de ser o Cinema Brasileiro, não por se adequar à estéticas e normas estrangeiras. Uma de suas marcas, a estética da fome, não tem vergonha de abusar de uma linguagem com escassez de recursos. Rompe com as regras do cinema clássico, usa os recursos que têm, facilita as gravações, é agressivo, usa a câmera na mão, permite improvisação, persegue o personagem, dá liberdade para uma montagem descontínua, ou seja, deixa o cinema vivo. A chance do cinema expressar um país.

“Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça.”

Quer conhecer a obra Glauber Rocha? Que tal começar com o maravilhoso Terra em transe? - O filme de 1967 é totalmente atual. Nos mostra Eldorado, terra fictícia que traz o sumo dos problemas latino americanos. Todas as instabilidades políticas que perseguem nosso continente, os grandes personagens de nosso imaginário político. Os populistas, o povo desigual, as necessidades que não deixam de existir em prol de modelos de poder. E além do soco reflexivo que temos no longa, também somos bombardeados com imagens que nos levam para um transe literal em uma estética agressiva. Um transe visual que nos mostra nossos devaneios políticos, uma crise que ultrapassa ideologias e deixa o povo agonizar sem conseguir solucionar as incoerências. Mostra a forma carnavalesca que se enxerga a política brasileira.


Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) foi de fato a marca de Glauber no surgimento do Cinema Novo, junto com seu livro de um ano antes, “Revisão Crítica do Cinema Brasieliro”. O longa é marcado pela formulação estética do sertão brasileiro, já tão descrito na literatura de Graciliano Ramos e Guimarães Rosa. Os personagens dessa paisagem são transformados, colocados à prova entre o bem e o mal. Sua linguagem operística e teatral mostra a grandiosidade do Brasil e seu potencial épico.


Essencial na obra de Glauber Rocha também está seu longa de estreia, Barravento (1962), que resgata seu lado místico e contrapõe a razão e a religiosidade. Temática presente em seu último filme, Idade da Terra (1980), no qual Tarcísio Meira, ator que faleceu na semana passada, vítima do covid-19, faz o papel de um de seus cristos do terceiro mundo, em mais uma história de defesa da identidade brasileira.

É inegável a genialidade de Glauber Rocha, no fim do texto deixo um excelente documentário sobre o cineasta. Inclusive, o Instituto Moreira Salles preparou uma homenagem a esse grande artista, criando um streaming gratuito de sete de seus filmes. Já o curta Di-Glauber (1977) , por muito tempo proibido pela família de Di Cavalcanti, por ser um experimento no qual invadiu o enterro do amigo, colocando atores e produzindo seu "manifesto contra a morte”, será exibido por 24 horas na abertura da 32ª edição do Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo.


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