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De Volta para Casa - será que é bom se desassociar da realidade?

  • Caroline Silva
  • 11 de ago. de 2021
  • 3 min de leitura

Crianças sempre desapareceram em momentos oportunos pelos mais inimagináveis portais e paravam em um mundo fantástico. Alice caiu em uma toca e parou no País das Maravilhas, quatro irmãos atravessaram um guarda-roupa e pararam em Nárnia. Nancy é um dessas crianças, ela passou por um portal para um mundo mágico, mas infelizmente foi mandada para o mundo real novamente.


Nancy acaba indo parar em um internato com crianças que passaram a mesma experiência e que buscam uma forma de voltar aos seus mundos fantásticos, objetivo que poucos conseguem alcançar. Mas o internato não é apenas marcado por saudades do mundo que não fazem mais parte, mas também por tragédias. Uma escuridão paira sobre aquele lugar e Nancy e seus colegas vão fazer de tudo para desvendar este mistério.



O livro "De Volta para Casa" de Seanan McGuire é maravilhoso. Cheio de diversidade e personagens bem construídos, trata sobre um assunto que não se dá muita importância: O que aconteceria com os jovens retirados de seu mundo fantástico perfeito?


Seanan trata com bastante delicadeza a nostalgia de cada criança pelo seu mundo e cria um sistema fantástico muito bem elaborado, dando um quê de uma possível realidade construída em bases maravilhosas. O mistério é bem resolvido e o final do livro não deixa a desejar em relação a história no total.


É um livro rápido de se ler, podendo ser finalizado em um final de semana, por isso é objetivo.


Mas agora, seguimos para minhas elaborações...



Lendo uma resenha pela internet, foi discutido que a magia do livro é cada jovem ter seu mundo fantástico e lutar para voltar a ele, que é a demonstração de um lar para cada criança. Eu, sendo uma pessoa cínica, enxerguei como uma fuga da realidade.


Como assim?


As crianças no livro não aguentam a realidade imposta a elas, tentam sempre voltar ao seu mundo mágico por causa da... magia. Claro que durante o livro são apresentadas crianças que cresceram, que passaram a odiar os mundos, mas a grande maioria quer retornar à sua fantasia.


Na época que li o livro, aos meus 19 anos, discuti com uma pessoa bem mais velha que disse querer viver em um mundo fantástico, que tudo bem não aceitar a realidade. Fiquei horrorizada, pois, se não aceitamos a realidade como ela é e nos isolamos em mundos fantásticos, como poderemos ter uma relação com a sociedade e o mundo?


Lendo as histórias do app RedIt, sempre me deparo com jovens que estão desesperados porque a vida não seguiu o roteiro mágico da cabeça deles. Como emprego está tão difícil? Por que eu não gosto da minha faculdade inteira? Como tal pessoa não pode me amar incondicionalmente? Como alguém pode ser oposto a minha opinião?


Como alguém pode ser o oposto da minha opinião e ser uma boa pessoa?



Vejo relatos e mais relatos, histórias e mais histórias, de pessoas que não conseguiriam se adequar à realidade, às dificuldades e diversidades. De pessoas que acham que vivemos em um eterno felizes para sempre, que se sentir qualquer emoção que seja negativa é porque o mundo é tão injusto.


Claro que viver em um lugar fantástico é bom, precisamos no retirar de tempos e tempos para lugares assim, mas o que predomina é a realidade. Se não conseguirmos aprender sobre a realidade e a lidar com ela, ficaremos caçando lugares e pessoas que não existem e assim não viveremos o mínimo de maravilha que a vida tem a oferecer.

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