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O Colecionador - Como entramos em prisões sem perceber

  • Caroline Silva
  • 8 de set. de 2021
  • 2 min de leitura

Em O Colecionador, Frederick Clegg é um jovem solitário que mora com a tia e a prima. Trabalha em um local que não gosta, com pessoas que não gosta. Uma das poucas coisas que o encanta é colecionar borboletas, das mais simples até as mais raras, prendendo-as com alfinetes em telas sem vida, sem mostra-las para ninguém. Outra coisa que o encanta é Miranda Grey, uma menina que nem sabe que ele existe.


Tudo muda quando Clegg ganha na loteria. Com dinheiro e tempo de sobra, elabora um plano para ficar mais próximo de Miranda, mas ao invés de flores e encontros Frederick decide sequestra-la e prendê-la em um porão.



Durante o livro somos agraciados pela visão de Frederick e de Miranda. Na dele, onde se sente um herói injustiçado que faz tudo por amor, e na dela, onde vemos como Miranda está sofrendo e as monstruosidades de Clegg. Os mesmo fatos, entendimentos diferentes.

Frederick é um doente, não percebe que o que está fazendo é errado, não aceita o diferente e prende tudo o que acha bonito. Miranda é uma menina mimada que se enxerga como superior a diversos seres humanos, pois estuda arte.


O Colecionador é um livro de suspense, onde não sabemos até o final se Miranda irá escapar ou não. A leitura é fácil e fluída, irrita um pouco porque ao realizar a troca de personagem narrador somos obrigados a reler os mesmos acontecimentos. A leitura vale a pena e na minha edição, que é da editora Darkside, tem uma introdução exclusiva do Stephen King que é soberba.


Agora vamos para a minha pequena observação sobre um fato do livro. Miranda, na parte da história onde é a narradora, fica fantasiando sobre G.P., um homem que para ela é a pura sabedoria e conhecimento.



Só que tudo indica que G.P. seria uma pessoa que proporciona um relacionamento tóxico. Mais velho que ela, professor, violento quando contrariado e que apenas a vivência e ideias tinham significado. Os amigos de Miranda falam em um momento que ele iria matá-la e G.P. basicamente molda a mocinha de acordo com suas opiniões.


Eu achei interessante porque além de estar presa com um sociopata, as lembranças de um homem volátil e de um relacionamento tóxico é o que mantém Miranda estável em sua prisão. Mas o que é essa interação entre ela e G.P. se não outro tipo de prisão?


A mocinha do livro é inteligente o suficiente para saber que Frederick não a ama, porém arrogante demais para não perceber que foi completamente manipulada em seu desejo de impressionar. Por estar livre fisicamente com o G.P., não percebe que está presa de outro jeito igualmente cruel.



Como disse antes, o livro é uma leitura interessante. Possivelmente se eu ler em outro momento perceberei várias sutilezas que deixei passar. Mas o livro me fez questionar quais prisões permitimos se estabelecer em nossas vidas.

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