O que me faz refletir
- Bruno Roque
- 21 de abr. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de jun. de 2021

Não sou um grande adepto de textos em primeira pessoa, daqueles que mais parecem desabafo, mas dessa vez vou seguir este caminho. Eu sou o tipo de pessoa que fica muito empolgada com o Oscar, e já que a premiação vai acontecer no próximo domingo (25/04) tenho tentado assistir alguns dos filmes que concorrem à estatueta dourada. Entre uma sessão e outra decidi ver Meu Pai, de Florian Zeller, e já sabendo da temática dei o play preparado para as lágrimas.
O tema é velhice e Alzheimer. Mas, por que esse assunto me atinge tanto assim? Você pode pensar que seja por algum trauma por ter perdido uma pessoa querida para a doença. Não! Eu nunca tive contato pessoal com alguém que tivesse passado por isso, no máximo passei um dia com alguns idosos em um asilo em uma atividade de caridade.
O que me assombra é a possibilidade de perder a memória. Não consigo engolir essa chance de esquecer as coisas que fizeram você ser quem é. A construção de lembranças é para mim uma das coisas mais bonitas e necessárias da vida, sejam as memórias materiais, como fotografias, textos e presentes, ou a intrínseca ao cérebro humano, que nos auxilia na construção do caráter, da subjetividade, ou seja do modo de viver e se relacionar.
Assistindo o longa de Zeller me recordei de outro filme que me afetou muito quando assisti, Para Sempre Alice, de Richard Glatzer e Wash Westmoreland. Na produção de 2014 refleti mais sobre a fragilidade de quem é acometido por essa doença. O modo como a degeneração vai tomando seu modo de ser, tornando até uma pessoa imponente em frágil.

Não é que a velhice me assuste. Mesmo estando imerso nessa sociedade que prega a velhice como algo a ser evitado a todo custo, seja por métodos de rejuvenescimento por cosméticos e cirurgias, ou pelo descaso institucional dos governos com os idosos. O que me assusta é o esquecimento.
Ainda muito empolgado com o tema, decidi assistir a animação Rugas (2011) , de Ignacio Ferreras, muito indicado pela Dani. E por fim, me deparei com uma narrativa de sensibilidade incomparável, me levando a risadas melancólicas. A história, inspirada no HQ homônimo, me fez inserir uma pitada (mesmo que pequena) de esperança na minha visão sobre o tema, não tão relacionada ao fim do filme, mas sim ao seu decorrer, que nos mostra a capacidade de encontrar aventuras apesar dos contratempos.
Bom, fiz esse desabafo (o que não é muito comum), a fim de também estimular no leitor essas reflexões sobre a velhice e o Alzheimer e principalmente para reforçar minha defesa e preocupação com a construção de memórias, o que para mim colore a vida.
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*Se você tem um parente ou conhece alguém que está convivendo com o Alzheimer procure a ABRAZ (Associação Brasileira Alzheimer) - http://abraz.org.br/web/ . Lá você encontra mais informações sobre a doença.
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